Tratamento do Alzheimer no Centro de Atendimento ao Idoso da UFF é referência nacional

O cuidado com os idosos e o investimento no atendimento de quem já chegou à terceira idade vem aumentando em todo mundo. A diminuição no número de nascimentos nos últimos anos está lentamente envelhecendo o planeta. Alguns países, como o Brasil, deixaram de ser conhecidos como nações jovens desde o fim do século passado. Hoje, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro já vive, em média, 75,8 anos. As ações de promoção à saúde estão aumentando sua eficácia para corresponder a essa demanda e estão abrangendo não só as novas tecnologias, com tratamentos e exames diagnósticos mais precisos, mas também o aumento da oferta de saneamento básico, diminuição da mortalidade por doenças infectocontagiosas, disseminação de vacinas e de antibióticos.

Com foco na melhoria da qualidade de vida de quem chegou à terceira idade, os geriatras da UFF criaram, há mais de 20 anos, o Centro de Referência de Atenção à Saúde do Idoso de Niterói (Crasi), conhecido como Mequinho, no Centro de Niterói, onde está instalado. O local promove ações de prevenção e tratamento de doenças da velhice, em especial, o Mal de Alzheimer. O Serviço de Geriatria, por exemplo, realiza semanalmente oficinas de estimulação e de reabilitação cognitiva.

Segundo a coordenadora do Crasi, Yolanda Boechat, estas oficinas são a melhor maneira para  preservar as funções que se encontram íntegras e estimular as funções comprometidas da pessoa. “Através da vivência com o outro, transformamos a realidade interior e expandimos nossas memórias”,  destacou a também geriatra e professora da UFF, que se atraiu pelo assunto há dez anos, após terminar seu doutorado em Neurologia e assumir a coordenação do centro.

O interesse em abraçar a causa se deu após perceber o quanto a troca de experiências com os idosos poderia ser benéfica e enriquecedora, a partir do relato de suas histórias de vida cheias de conhecimentos práticos e peculiaridades. O trabalho iniciado anteriormente por Yolanda e pela neurologista Vilma Duarte – ex-coordenadora do Crasi, que mesmo aposentada continua colaborando no espaço como voluntária, foram pioneiros. Em pouco tempo, o atendimento ganhou notoriedade no Sistema Único de Saúde (SUS) de Niterói e se estendeu para todos os municípios da Região Metropolitana II, que reúne também as cidades de São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito e Silva Jardim.

Ao trabalhar com o idoso, Yolanda considerou outras especializações da Medicina para dirigir seu trabalho à duas áreas importantes: o envelhecimento e o tratamento do idoso. Doenças, como o Mal de Alzheimer e outras enfermidades, que antes eram vistas apenas como demência e incapacidade e geralmente eram tratadas pela área neurológica da Medicina, ganharam destaque nesse projeto. “Hoje em dia, os idosos continuam a receber os mesmos cuidados, mas ao longo desses anos foram criados diversos grupos de estimulação com várias oficinas”, relembrou.  

No Centro de Referência de Atenção à Saúde do Idoso de Niterói, o trabalho vem sendo realizado em duas vertentes importantes e complementares: o cuidado individual e a terapia de grupo. Para isso, as parcerias para a assistência acontecem nos municípios da Região Metropolitana II com atendimentos no Huap, por meio do Sistema de Regulação (Sisreg) e pelo sistema de dispensação de medicações excepcionais do Estado pelas Faculdades de Medicina, Nutrição, Farmácia, Enfermagem, Educação física e de Engenharia da UFF, mobilizando estudantes de residência médica e equipes multiprofissionais, além de alunos da pós-graduação.